Então
Abro os olhos. Vejo o teto azulado e as paredes esverdeadas. Ainda não me mexi. Não tenho pressa. Hoje é quarta-feira. A cama me faz refém. Sou mais forte. Sinais de movimento nas pernas. Estou de pé. Tudo em seu devido lugar foge a normalidade. Estou com fome. O espelho me observa de cima a baixo. Ainda sou o mesmo. Me encaro e sou encarado. Não me amedronto. Apanho a toalha. A água está fria. Não há nenhum ruído. Os pássaros cantam lá fora. Faz calor. Estou refrescado. Vou à cozinha. Aqui há bagunça. Não tenho tempo. Não há nada para fazer. Tenho que sair. Como pães. A fome não existe mais. Tinha vontade de comer. Fome é dor. Me sinto bem. Estou pronto. Quem está verdadeiramente pronto?
Desço as escadas. Penso na vida. Mais escadas. Mais pensamentos. As últimas escadas. Não sei mais em que estou pensando. O portão está fechado. O mundo está aberto. Ainda é cedo. Já é tarde. Muito tempo já se perdeu. Pouco se aproveitou. As pessoas estão lá fora. Passam e não se vêem. Todos são iguais. Iguais por serem diferentes . Andam com pressa. Pressa pra que?
Hoje eu não trabalho. Mas tenho que está sempre a trabalhar. O trabalho é fácil. Logo está acabado. Nem todos trabalham. Todos eles têm tido trabalho para trabalhar. De quem é a culpa?
O dia mal começou. Já está terminando. O tempo é curto. Há tempo todos os dias. Aproveito o dia cada dia. Amanhã haverá mais dias. Se houver amanhã.
Alisson de Jesus Soares
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