[O cidadão comum e a polícia. A sociedade é mais honesta que a polícia? A polícia é fruto da sociedade?]

          De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto, disse Rui Barbosa, jurista brasileiro. Chegamos nesse ponto? Onde o desuso da virtude honestidade na sociedade e em seus sub grupos sociais, como policiais, políticos, professores, compromete e deixa dúvida sobre as regras morais e éticas? Onde gestos honestos são premiados como sendo extraordinários? E pessoas tem mais ou menos obrigação de serem honestas de acordo com suas profissões?
          Viver em sociedade é um desafio continuo, implica em prática de aprendizados que variam de acordo com região, hábitos, valores e até regimentos. Podem transformar o que é facultado a uns, em obrigações pra outros, como com os policiais militares. Regidos por normas de conduta, obrigatoriamente deveriam prostrar-se de forma reta e exemplar. Contudo, há casos destoantes que maculam toda uma imagem de uma corporação. São seres falhos, que carregam em si vícios, que perpassam qualquer camada da célula que esse cidadão estiver fazendo parte.
          A instituição policial militar é composta por esses serres, heterogêneos e compostos. São oriundos das diversas células que compõe a sociedade, reproduzem em seu seio de trabalho hábitos recorrentes de seu dia dia. Podendo ser tanto honestos quanto corruptos, independente de profissão ou posição social. Essa opção é lhe imposta mediante fatores circunstancionais, treináveis. Sua conduta é reflexo de estímulos aplicados ao longo de sua formação até a maturação de seu caráter. Seu posicionamento é condizente com sua visão particular do certo ou errado, nem sempre se assemelha com as regras de conduta tacitamente seguidas pela sociedade.
          Diante da tentativa de determinar as condutas sociais, os bons exemplos são mais destacados. Premiar os que se aproximam do comportamento esperado é uma estratégia para assegurar a orientação comportamental que se deve seguir quando se vive em comunidade. Prêmios com esse fim são incontáveis em todo país, na Bahia por exemplo, o Prêmio Servidor Cidadão. Tendem a massificar a ideia de integridade e ética, "dê um bom exemplo, essa moda pega", como o chavão da publicidade do Governo estimulava.

          A honestidade é uma virtude que deve ser cultivada e replicada. Sua ausência deve ser repelida e punida a rigor. Em qualquer que seja sua ocupação, em qualquer idade. Garantindo uma mudança gradativa a longo prazo. Por certo não se erradicará a falta de honestidade. Mas pode se vislumbrar um dia em que a honestidade seja regra, e sua falta represente um incômodo e desconforto. Nesse dia, viver honestamente deixaria até Rui Barbosa orgulhoso.

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